[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=a893xPApuEc[/embedyt]
Características de imagem de RM de encefaloceles da fossa craniana média e suas associações com epilepsia.
D.R. Pettersson, K.S. Hagen, N.C. Sathe, B.D. Clark, D.C. Spencer
Publicado em 8 de Outubro de 2020, como 10.3174/ajnr.A6798
Questão clínica:
Podemos usar as características de imagem de ressonância magnética das encefaloceles da fossa craniana média para prever a probabilidade de epilepsia?
O que foi feito:
Foram avaliadas imagens por RM das encefaloceles da fossa craniana média em grupos com e sem convulsão com o intuito de detectar características preditivas de epilepsia.
Como foi feito:
Foi realizado um estudo prospectivo de 77 pacientes com encefalocele da fossa craniana média (EFCM) durante um período de 18 meses em uma única instituição. Todas as imagens de RM do cérebro disponíveis foram revisadas por um neurorradiologista certificado. Trinta e cinco de 77 (45%) tinham um histórico de convulsões, vinte de 77 (26%) tinham epilepsia do lobo temporal e quarenta e dois de 77 (55%) não tinham histórico de convulsões. As encefaloceles da fossa craniana média foram caracterizadas de acordo com profundidade, área, número, localização, presença de encefalomalácia adjacente e grau de distorção morfológica do parênquima associado. Em seguida, as características de imagem foram comparadas entre os grupos de convulsão e não convulsão.
Constatações e resultados:
Não houve diferença estatística nas características de imagem de RM convencional de EFCMs entre os pacientes com e sem histórico de convulsões. EFCMs grandes ou numerosas, EFCMs associadas a encefalomalácia e EFCMs associadas com distorção morfológica grave do parênquima cerebral adjacente podem ser vistas com frequência semelhante entre pacientes com e sem histórico de convulsões.
Conclusão:
As encefaloceles da fossa craniana média são uma causa cada vez mais reconhecida de epilepsia. No entanto, elas também são frequentemente encontradas em pacientes sem histórico de convulsões. As características anatômicas de imagem deste tipo de encefalocele, como tamanho, número, presença de encefalomalácia adjacente e o grau de distorção morfológica do parênquima circunjacente podem não ser úteis para prever a probabilidade de epileptogenicidade.
Implicações:
Embora possivelmente associada a um distúrbio convulsivo, a presença de uma encefalocele da FCM precisa ser correlacionada com a apresentação clínica, pois os pacientes com esse achado de imagem não necessariamente tem distúrbio convulsivo. Os radiologistas que encontrarem uma EFCM durante a prática clínica de rotina devem ser aconselhados a pesquisar encefaloceles adicionais e contralaterais. Mas os recursos de imagem de RM convencionais da EFCM não podem diferenciar confiavelmente as EFCMs sintomáticas (relacionadas à convulsão) das assintomáticas.
Comentário do Editor Sênior por Dr.Ortiz:
Um artigo interessante em que as encefaloceles FCM são consideradas incomuns. Talvez critérios de inclusão mais amplos sejam necessários para que um achado possa ser considerado encefalocele de FCM neste estudo?
Comentário do Editor Sênior Dr.Ibrahim:
Concordo com o Dr. Ortiz quanto à incidência incomum de EFCM. Este trabalho é muito importante, pois destaca a natureza incidental de algumas dessas EFCM e a necessidade de correlação clínica para seu significado.
A variabilidade dos tempos de relaxamento T2 de discos intervertebrais lombares saudáveis é mais homogênea dentro de um indivíduo do que entre indivíduos saudáveis
Sharma, R.E. Walk, S.Y. Tang, R.Eldaya, P.J. Owen, D.L. Belavy
Publicado em 8 de outubro de 2020, como 10.3174/ajnr.A6791
Questão clínica:
Podemos usar os resultados da relaxometria T2 do disco saudável de um mesmo indivíduo para avaliar a degeneração do disco intervertebral, ou os valores normativos devem ser baseados em um conjunto de grupos de controle distintos?
O que foi feito:
Dados de relaxometria T2 adquiridos prospectivamente de 606 discos intervertebrais em 101 voluntários sem dor nas costas (47 homens, 54 mulheres entre 25-35 anos de idade) foram avaliados, e a variação intra-sujeito e intersujeito nos tempos T2 dos discos intervertebrais foi avaliada por dois neurorradiologistas na Escala de Pfirrmann.
Como foi feito:
A variação intrasujeito dos discos intervertebrais foi avaliada em relação a outros discos intervertebrais saudáveis do mesmo paciente (grau de Pfirrmann, ≤2). Múltiplas medidas de variabilidade intersujeitos foram calculadas usando referências de outros indivíduos saudáveis variando de um único disco intervertebral selecionado aleatoriamente a todos os discos intervertebrais externos saudáveis, sem e com estratificação segmentar. Essas medidas de variabilidade foram comparadas para discos intervertebrais saudáveis e degenerados (grau de Pfirrmann ≥ 3).
Constatações e resultados:
Os valores médios de T2 de discos intervertebrais saudáveis (493/606, 81,3%) e degenerados foram 121,1 e 91,5, respectivamente (P <0,001). A variabilidade intrasujeito média para discos intervertebrais saudáveis foi de 9,8 ± 10,7 ms, menor do que todas as medidas de variabilidade intersujeitos (P <0,001), e forneceu a métrica de separação mais pronunciada para discos intervertebrais saudáveis e degenerados. Entre as medidas de variabilidade intersujeitos, o uso de todos os discos saudáveis de segmento correspondente como referências forneceu a menor variabilidade (P <0,001).
Conclusão:
Medidas normativas baseadas nos tempos T2 de discos intervertebrais saudáveis do mesmo indivíduo são provavelmente os meios mais discriminantes de identificação de discos intervertebrais degenerados com base na relaxometria T2.
Implicações:
Muitos estudos anteriores sugeriram que a relaxometria T2 pode fornecer uma medida quantitativa confiável, objetiva e contínua da saúde de discos intervertebrais (DIV) lombares. Apesar dessas vantagens, esta técnica falhou em substituir a avaliação subjetiva tradicional da intensidade do sinal de DIVs em imagens ponderadas em T2 para a categorização de um dado DIV como saudável ou degenerado. A análise dos mesmos dados demonstrou que, embora o nível de estratificação possa ser importante quando coortes de DIVs estão sendo comparadas, tempos T2 de DIVs saudáveis em outros níveis no mesmo indivíduo são propensas a fornecer uma medida melhor da saúde de um determinado DIV do que tempos T2 de um DIV saudável de outros indivíduos saudáveis.
Sistema de classificação Pfirrman para referência:
Grau I: o disco é homogêneo com intensidade de sinal branco hiperintenso brilhante e altura normal do disco.
Grau II: disco não homogêneo, mas mantendo o sinal branco hiperintenso, altura normal do disco.
Grau lll: o disco não é homogêneo com uma intensidade de sinal cinza intermitente, a distinção entre o núcleo e o anel não é clara, a altura do disco é normal ou ligeiramente diminuída.
Grau IV: o disco não é homogêneo com uma intensidade de sinal cinza escuro hipointensa, não há mais distinção entre o núcleo e o anel, a altura do disco é leve ou moderadamente diminuída.
Grau V: o disco não é homogêneo com uma intensidade de sinal preto hipointensa, não há mais diferença entre o núcleo e o anel, o espaço do disco está colapsado.
Comentário do Editor Sênior por Dr.Ortiz:
Os dados de relaxamento de T2 podem ter um papel no acompanhamento longitudinal de um determinado indivíduo em exames de RM, incluindo aqueles em que houve intervenções cirúrgicas e percutâneas.
Comentário do Editor Sênior pelo Dr. Ibrahim:
Este trabalho é importante porque cria um valor normal para a aparência dos discos intervertebrais na RM, que pode ser usado no futuro para análise textural destes, embora este trabalho não tenha a intenção de criar tais resultados pelos autores.
Anatomia arterial detalhada e suas anastomoses da crista esfenoidal e meningiomas do sulco olfatório, com referência especial aos ramos recorrentes da artéria oftálmica
M.Hiramatsu, K. Sugui, T. Hishikawa, J. Haruma, Y.Takahashi, S. Murai, K. Nishi, Y. Yamaoka, Y. Shimazu, K. Fujii, M. Kameda, K. Kurozumi, I. Date
Publicado em 1º de Outubro de 2020, como 10.3174/ajnr.A6790
Questão clínica:
Podemos prever a probabilidade dos vasos que nutrem os meningiomas da crista esfenoidal e do sulco olfatório?
Como foi feito:
Este estudo incluiu 20 pacientes admitidos no departamento de cirurgia neurológica da Universidade de Okayama entre abril de 2015 e março de 2020. Havia um total de 16 meningiomas do sulco esfenoidal e 4 meningiomas do sulco olfatório identificados e avaliados. A angiografia digital por subtração (arteriografia convencional) pré-operatória foi realizada com o paciente sob anestesia local. Após a obtenção da arteriografia 2D do ACE e ACI, que são ipsilaterais ao tumor, a arteriografia 3D com protocolo de 5 segundos foi realizada nas ramificações nutridoras dos vasos. A anatomia colateral também foi analisada por angiografia rotacional 3D e imagens MIP em placas dessas lesões.
Constatações e resultados:
19 (95%) lesões tinham vasos nutridores provenientes da artéria oftálmica, 15 (75%) lesões tinham vasos nutridores provenientes da artéria carótida interna e 15 (75%) lesões tinham vasos nutridores provenientes da artéria carótida externa. Os vasos nutridores provenientes da artéria oftálmica e das artérias meníngeas recorrentes foram envolvidos em 18 lesões (90%) e 75% tinham anastomoses entre cada vaso nutridor.
Conclusão:
A anatomia arterial detalhada da crista esfenoidal e dos meningiomas do sulco olfatório é complicada devido à delicada angioarquitetura e anastomoses entre cada vaso nutridor. Este é o primeiro relato a demonstrar a anatomia arterial detalhada e a frequência de ramos recorrentes da artéria oftálmica e suas anastomoses usando técnicas de imagem detalhadas.
Implicações:
A maioria dos meningiomas na crista esfenoidal e sulco olfatório tinha vasos nutridores com origem nas artérias oftálmica e carótida interna. A embolização pré-operatória de meningiomas é frequentemente realizada na prática terapêutica. Embora sua utilidade seja amplamente aceita, a embolização de vasos-alvo que não se originam da ACE tem sido relatada como um risco para complicações do procedimento. Se houver uma anastomose entre os vasos nutridores, a oclusão proximal de um dos vasos pode resultar em aumento do fluxo sanguíneo para o outro vaso nutridor residual, devendo-se considerar a embolização do tronco comum ou as partes proximais de ambos. Uma compreensão detalhada da microanatomia arterial também é útil em cirurgia. Se identificarmos todos os nutridores por meio da angiografia pré-operatória, podemos pesquisar os nutridores com base nas referências anatômicas do osso e desvascularizá-los de maneira segura e eficiente.
Comentário do Editor Sênior pelo Dr. Ortiz:
O tratamento dos meningiomas da crista esfenoidal é desafiador, independentemente da terapia específica (cirurgia, embolização, radiocirurgia estereotáxica), devido à proximidade dessa lesão infiltrativa às estruturas orbitárias críticas e estruturas supra/parasselares. A embolização endovascular, como qualquer outro procedimento invasivo, deve equilibrar risco e benefício. O conhecimento do complicado suprimento arterial nessa região é útil para a compreensão desse risco. Estar atento para a alteração desse equilíbrio e entender que a embolização apenas parcial pode ser viável é importante para manter um perfil de baixo risco para esse procedimento.
Os leitores interessados também podem consultar o seguinte artigo:
Guilherme Barros, Abdullah H Feroze, Rajeev Sen et al. Preditores de embolização endovascular pré-operatória de meningiomas: subanálise da localização anatômica e suprimento arterial. JNIS 2020. Este é um bom artigo complementar.
Características das imagens de encefalopatia aguda em pacientes com COVID-19: Uma série de casos
Kihira, B.N. Delman, P. Belani, L. Stein, A. Aggarwal, B. Rigney, J. Schefflein, A.H. Doshi and P.S. Pawha
American Journal of Neuroradiology October 2020, 41 (10) 1804-1808;
DOI: https://doi.org/10.3174/ajnr.A6715
Essa é uma série de casos que ilustra as várias apresentações de encefalopatia aguda em 5 pacientes com COVID-19.
As características da RM incluíram leucoencefalopatia com alteração da substância branca, restrição à difusão nas substâncias branca e cinzenta, micro-hemorragias e leptomeningite.
As apresentações variaram entre encefalite autoimune, leucoencefalopatia pós-hipóxica, leucoencefalopatia hemorrágica e desmielinização autoimune pós-viral.
Desconforto respiratório significativo é observado em até 25% dos pacientes com COVID-19, dificultando a separação entre leucoencefalopatia primária ou secundária a hipóxia.
Nesse momento, a encefalopatia é considerada multifatorial.
Correlação clínica e de neuroimagem em pacientes com COVID-19
B.C. Yoon, K. Buch, M. Lang, B.P. Applewhite, M.D. Li, W.A. Mehan, T.M. Leslie-Mazwi and S.P. Rincon
American Journal of Neuroradiology October 2020, 41 (10) 1791-1796;
DOI: https://doi.org/10.3174/ajnr.A6717
Esse foi um estudo retrospectivo realizado em um hospital universitário nos Estados Unidos.
Foi avaliada a frequência de anormalidades intracraniais agudas em TC e/ou RM de pacientes com COVID-19 e a possível associação entre esses achados e os parâmetros clínicos, como duração de internação, necessidade de intubação, morte, obesidade e desenvolvimento de lesão renal aguda.
641 pacientes foram atendidos na instituição ao longo do período do estudo, 150 desses foram submetidos a TC e/ou RM do cérebro.
Dos 150, 26 (17%) apresentaram alterações de imagem, como hemorragia (11), infarto (13) e leucoencefalopatia (7).
Houve significância estatística na associação entre os exames alterados e a necessidade de admissão em unidades de terapia intensiva (P= .039), intubação (P= .004) e lesão renal aguda (P= .030).
Isso sugere que a neuroimagem deve ser considerada em pacientes com piora da doença sistêmica.
Anatomia venosa tentorial: Variação na população saudável
J.S. Rosenblum, J.M. Tunacao, V. Chandrashekhar, A. Jha, M. Neto, C. Weiss, J. Smirniotopoulos, B.R. Rosenblum and J.D. Heiss
American Journal of Neuroradiology October 2020, 41 (10) 1825-1832;
DOI: https://doi.org/10.3174/ajnr.A6775
Este estudo avaliou a variação da anatomia venosa tentorial na população saudável por meio da revisão retrospectiva da TCA/TCV em um total de 238 pacientes com exames de rotina ou para fins de pesquisa.
A rede transtentorial inclui 2 seios tentoriais principais e 3 veias principais.
Os seios são o seio tentorial medial e o lateral, que podem ser distintos ou conectados (quando conectados, são denominados como configuração anelar).
As veias são as veias tentoriais medial, intermédia e lateral.
Esse estudo também avaliou as relações entre as variações da anatomia venosa tentorial e a extensão do desenvolvimento da base do crânio medida pela morfometria cranial.
Foram encontradas 3 configurações: grupo 1A e grupo 1B que apresentavam configuração em anel (n = 50/238) e grupo 2 que não apresentava configuração em anel (n = 188/238).
O grupo 1A (n = 38/50) tem uma configuração em anel medializada, enquanto o grupo 1B apresentava configuração em anel lateralizada (n = 12/50).
A configuração em anel do grupo 1 foi relacionada à presença de divisão da confluência dos seios, o que foi relacionado com redução do canal auditivo interno – ângulo da fissura petroclival.
A configuração 1A foi relacionada ao grau de penumatização do ápice petroso.
A compreensão dessa anatomia auxilia na avaliação pré-operatória de procedimentos cirúrgicos complexos que envolvem incisão tentorial.
Esse entendimento também é útil para explicar mecanismos de complicação/variação em casos com o sistema venoso tentorial comprometido e trombose no seio transverso.
References