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Incidência e indicadores de cirurgia subsequente após reconstrução do ligamento cruzado anterior: Um estudo de 6 anos de acompanhamento
MOON Knee Group Investigation performed at Vanderbilt University Medical Center, Nashville, Tennessee, USA
American Journal of Sports Medicine
Contexto
As causas para uma nova cirurgia após reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) variam, no entanto, os fatores de risco para esses procedimentos cirúrgicos não são bem descritos. Se fatores clínicos ou cirúrgicos forem associados à necessidade de nova cirurgia, pacientes e médicos podem ter um entendimento mais preciso do prognóstico e de fatores modificáveis que influenciam o risco.
Pergunta
Fatores clínicos e cirúrgicos impactam a taxa de nova cirurgia após reconstrução primária do LCA? Qual a incidência e os tipos de cirurgia subsequente que ocorreram em um coorte de pacientes após reconstrução index do LCA? Quais variáveis foram associadas à incidência de cirurgia subsequente à reconstrução do LCA?
Estudo
Estudo prospectivo de coorte.
Participantes
Pacientes em 7 locais, submetidos à revisão ou reconstrução unilateral primária do LCA entre 2002 e 2008. Lesões multiligamentares incluídas.
Critério de exclusão
Reconstrução bilateral simultânea do LCA.
Método
Pacientes completaram um questionário antes da cirurgia index do LCA e foram acompanhados entre 2 e 6 anos. Os pacientes foram contatados para determinar se foram submetidos à cirurgia adicional desde o início do estudo. Foram obtidos relatórios cirúrgicos e todos os procedimentos cirúrgicos foram categorizados e registrados. Modelos de regressão logística foram construídos para prever quais variáveis demográficas e cirúrgicas do paciente estavam associadas à incidência de cirurgia subsequente à reconstrução index do LCA.
Resultados
O coorte consistiu em 3276 pacientes (56,3% homens) de idade média de 23 anos. Um acompanhamento de 6 anos foi obtido em 91,5% (2999/3276) em relação à informação sobre incidência e frequência de cirurgia subsequente. Ao todo, 20,4% (612/2999) do coorte reportou ser submetido a, no mínimo, uma cirurgia subsequente no joelho ipsilateral 6 anos após o procedimento primário.
Reconstrução do LCA: Os procedimentos cirúrgicos subsequentes mais comuns foram relacionados ao menisco (11,9%), à revisão da reconstrução do LCA (7,5%), à perda de movimento (7,8%) e à cartilagem articular (6,7%). Fatores de risco significativos para ocorrência de cirurgia subsequente relacionada ao menisco foram a realização de reparo meniscal na cirurgia primária, reconstrução utilizando autoenxerto isquiotibial ou autoenxerto, alto nível de atividade basal de Marx, menor idade e interrupção do tabagismo. Preditores significativos de cirurgia subsequente envolvendo a cartilagem articular incluem alto índice de massa corporal, nível alto de atividade Marx, reconstrução utilizando autoenxerto isquiotibial ou autoenxerto, reparo meniscal durante a cirurgia primária ou lesão da cartilagem articular de grau 3/4 classificada no momento da reconstrução do LCA. Os fatores de risco relacionados à cirurgia subsequente por perda de movimento incluem menor idade, sexo feminino, baseline baixo no escore KOOS (Knee injury and Osteoarthritis Outcome Score) e reconstrução com aloenxerto de tecido mole.
Conclusão
Pacientes mais jovens, pacientes do sexo feminino, baseline baixo no escore KOOS e reconstrução com aloenxerto de tecido mole podem ser fatores de risco que predispõem pacientes à nova cirurgia após reconstrução do LCA.
Link
https://doi.org/10.1177/0363546520935867
Comentários do editor sênior
Esse estudo é um trabalho importante com grande número de pacientes e preenche algumas lacunas sobre o conhecimento de cirurgias de revisão do LCA. No entanto, apresenta as limitações de qualquer estudo retrospectivo com viés de memória. Outros fatores óbvios de confusão incluem novas lesões, atividade do paciente, instabilidade do joelho, necessidade ou insatisfação do paciente com a cirurgia primária e status do seguro privado.
Mensagens para estudantes de radiologia
Em exames de RM para análise pós-operatória do LCA, é importante prestar atenção aos seguintes itens que podem impactar revisões futuras do enxerto deste ligamento.
- Reparo meniscal medial
- Lesão da cartilagem (particularmente graus 3/4)
- Locais de reparo da cartilagem
Características do doador do aloenxerto influenciam significativamente a ruptura do enxerto após reconstrução do ligamento cruzado anterior na população jovem e ativa
Sarah Shumborski, BSc, MD, Lucy J. Salmony BAppSci (Physio), PhD, Claire Monk, BAppSci (ExPhys), Emma Heath, MPhty, Justin P. Roe MBBS, and Leo A. Pinczewski, AM, MBBS
American Journal of Sports Medicine
Contexto
A seleção do enxerto na cirurgia de ligamento cruzado anterior (LCA) pode ser difícil na população jovem e ativa devido às altas taxas de nova lesão. Os aloenxertos permitem o controle sobre o tamanho do enxerto e reduzem a morbidade relacionada à coleta de autoenxertos. Há resultados variados sobre o uso de aloenxertos na literatura, no entanto, a influência das propriedades do aloenxerto nos resultados não foi considerada.
Pergunta
A reconstrução do LCA com aloenxerto de doadores mais velhos tem maior taxa de ruptura quando comparada ao aloenxerto de doadores mais novos?
Estudo
Estudo prospectivo de coorte.
Participantes
Pacientes (N=211) com idades entre 13 e 25 que foram submetidos à reconstrução primária do LCA com aloenxerto fresco congelado não irradiado ao longo de 3,5 anos.
Critério de exclusão
Pacientes com mais de 25 anos, com lesão ligamentar adicional significativa no joelho, com história de lesão prévia do ligamento cruzado anterior de qualquer joelho ou buscando compensação por sua lesão.
Métodos
Foram usados quatro tipos de aloenxertos: tendão patelar, tendão de Aquiles, músculo tibial anterior e músculo tibial posterior. Foram coletados detalhes sobre a idade e sexo do doador. Após um mínimo de 24 meses, os pacientes foram avaliados quanto à presença de lesões adicionais e quanto à análise subjetiva do questionário do Comitê de Documentação Internacional do Joelho (IKDC). A comparação de variáveis entre os grupos foi analisada com o teste qui-quadrado (x²) para dados categóricos e teste t de Student para a comparação das variáveis contínuas.
Resultados
A ruptura do enxerto do LCA ocorreu em 23,5% dos casos. Quando os enxertos foram separados em banda única (tendão patelar e de Aquiles) e múltiplos bandas (músculo tibial anterior e tibial posterior) houve um índice significativamente maior de novas lesões nos enxertos de banda única (29,9% contra 11%; P=.014). Os enxertos de doadores do sexo feminino com idade ≥50 anos tiveram taxas significativamente maiores de rompimento do enxerto do LCA (52,6%; P=.003) com chances 6,7 vezes maior quando comparadas aos enxertos de doadores do sexo masculino com idade <50 anos. Não houve diferença significativa nas pontuações médias do formulário de avaliação subjetiva do joelho entre os grupos baseados na idade e sexo do doador do aloenxerto.
Conclusão
A idade e sexo do doador do aloenxerto e a morfologia do enxerto influenciam significativamente a taxa de ruptura do enxerto do LCA em pacientes jovens e ativos. Tendões de doadores do sexo feminino com idade ≥50 anos apresentam taxas mais altas de nova ruptura quando comparados com doadores do sexo masculino de qualquer idade e do sexo feminino mais jovens.
Link
https://doi.org/10.1177/0363546520938777
Comentários do editor sênior
Nós parabenizamos os autores deste importante trabalho. Apesar de existir quatro categorias de aloenxertos, o que torna os números pequenos em diferentes grupos, o estudo traz alguns pontos importantes. Teria sido ainda melhor se as taxas de falha também fossem controladas para outros fatores de confusão como nível de atividade do paciente, causa da nova lesão, IMC, diabetes, tabagismo, entre outros.
Mensagem para estudantes de radiologia
Em exames de RM para avaliação pós-operatória do LCA, é importante estar atento aos seguintes pontos:
- Local de retirada do enxerto da patela = enxerto osso-tendão-osso. Esse é um enxerto de banda única.
- Cicatriz no quadríceps e músculos isquiotibiais = pense na retirada do enxerto nesses locais = enxerto de múltiplas bandas.
- Maior chance de ruptura em enxertos de banda única.
Avaliação das características morfológicas da tróclea femoral em imagem transversal antes da trocleoplastia: Classificação de Dejour versus medição quantitativa
Nicholas C. Nacey, Michael G. Fox, Barrett N. Luce, Dustin M. Boatman, and David R. Diduch
American Journal of Roentgenology
Contexto
A classificação de Dejour para displasia troclear é uma avaliação qualitativa de displasia da tróclea. Esse estudo avaliou o uso de imagem transversal para relacionar a avaliação qualitativa e quantitativa da displasia troclear.
Pergunta
A imagem transversal pode categorizar de maneira confiável, qualitativa e quantitativa a displasia da tróclea como baixo grau (tipo A) ou alto grau (tipos B-D) de acordo com a classificação de Dejour com boa confiabilidade entre avaliadores?
Estudo
Estudo retrospectivo
Participantes
Pacientes submetidos à TC ou RM antes da trocleoplastia em um período de 9 anos.
Critério de exclusão
Nenhum paciente foi excluído.
Métodos
Um estudo retrospectivo de TC e RM do joelho antes da trocleoplastia foi realizado de forma independente por dois radiologistas muscoloesqueléticos. Cada caso de displasia da tróclea foi classificado qualitativamente pela categoria de Dejour. Posteriormente foram realizadas medidas quantitativas do ângulo do sulco, distância do tubérculo da tíbia ao sulco da tróclea, profundidade da tróclea, inclinação lateral da tróclea, assimetria da faceta troclear e grau de lateralização da tróclea. Os dados quantitativos foram analisados a partir das medidas médias dos dois radiologistas para todos os parâmetros, exceto assimetria da faceta troclear, na qual a presença de assimetria foi analisada de forma binária como presente ou ausente e o percentual de joelhos com assimetria foi registrado. A análise univariada foi utilizada para comparar os valores médios das diferentes categorais de Dejour.
Resultados
Foram incluídos 35 pacientes (29 mulheres e 6 homens, com idade média de 21,1 anos) com um total de 39 joelhos afetados (17 joelhos direitos e 22 joelhos esquerdos). Os leitores apresentaram concordância qualitativa exata a partir da classificação de Dejour em 30 de 39 joelhos (77% [k=0,77; 95% CI, 0,62-0,91]) e concordância na classificação de baixo grau e alto grau de displasia em 36 dos 39 joelhos (92%). Nesses 36 joelhos, a diferença média nas medidas de displasia de baixo e alto grau foi, respectivamente, no ângulo do sulco, 153° para 168° (p<0,001); na profundidade da tróclea, 4 vs 1 mm (p<0,001); na inclinação lateral da tróclea, 12 vs 7 mm (p<0,02); e na redução da assimetria da faceta troclear, 13% vs 92% (p<0,001). Profundidade troclear, inclinação lateral da tróclea e assimetria da faceta troclear também foram diferentes em joelhos com classificação de Dejour para displasia da tróclea tipo B e C, em comparação com aquelas tipo B e D (todos p<0,05). Nenhuma medida quantitativa diferenciou a displasia troclear do tipo C e D. A distância do tubérculo da tíbia para o sulco da tróclea e o grau de lateralização da patela não foram estatisticamente diferentes em displasia de baixo e alto grau.
Conclusão
O uso qualitativo da classificação de Dejour categoriza com precisão a displasia troclear como de alto ou baixo grau em 92% dos casos, com concordância exata alcançada em 77% dos casos. Além disso, a profundidade da tróclea, a inclinação lateral da tróclea, a assimetria da faceta troclear e o ângulo do sulco podem diferenciar displasias de baixo e alto grau. A profundidade da tróclea, a inclinação lateral da tróclea, e a assimetria da faceta troclear são úteis para diferenciar, através da classificação de Dejour, os tipos B e C de B e D.
Link
https://doi.org/10.2214/ajr.19.22400
Comentários do editor sênior
Esse é um estudo interessante com boas imagens e ilustrações de medidas. No entanto, a classificação das displasias de baixo e alto grau parece artificial, com pouca relevância clínica e precisão, tendo sido descrita sem um padrão de referência ou casos verdadeiramente negativos no coorte. A demonstração da confiabilidade entre os avaliadores contribui para o conjunto de conhecimento.
Mensagem para estudantes de radiologia
Quando você revisa TC ou RM do joelho para displasia, esteja familiarizado com a classificação de Dejour para displasia. Grau mais alto = prováveis candidatos para a trocleoplastia.
Tipo A: tróclea rasa (ângulo do sulco > 145°)
Tipo B: tróclea plana ou rasa com esporão supratroclear ou ”bump” proeminente ou projetado anteriormente ao eixo femoral.
Tipo C: faceta troclear achatada com faceta lateral convexa e faceta medial hipoplásica.
Tipo D: tróclea achatada com uma fenda vertical (“Cliff”) no lado medial adjacente a um esporão supratroclear projetado.
- Realize medições 3 cm proximais à interlinha articular femorotibial, que vai corresponder à cicatriz fisária medial do fêmur.
Espectro de achados em imagens de ressonâncias magnéticas em pacientes transplantados com mieloma múltiplo e dor no quadril/ pelve (de acordo com o MY-RADS): Experiência de centro único
Federica Rosi, Lorenzo Torri, Alida Dominietto, Alberto Stefano Tagliafico
European Journal of Radiology
Contexto
Relatórios padronizados de mieloma múltiplo foram desenvolvidos com o sistema de avaliação e diagnóstico de resposta ao mieloma (MY-RADS). Esse estudo aplica esse critério em pacientes pós transplante em cenário de dor, para identificar padrões de envolvimento e relacionar com causas de dor/ parâmetros clínicos.
Perguntas
Qual é o espectro de achados esperados na RM em pacientes transplantados com mieloma múltiplo (MM) com dor no quadril/ pelve? Achados específicos na RM estão relacionados a desfechos clínicos específicos?
Estudo
Estudo retrospectivo
Participantes
Foram incluídos 54 pacientes consecutivos com MM, em status pós transplante de medula óssea que foram submetidos à RM para avalição de dor no quadril/pelve de janeiro 2017 a dezembro 2019.
Critério de exclusão
Estudos com imagens imprecisas devido à presença de artefatos, pacientes afetados por outras neoplasias conhecidas e pacientes com dores em outras regiões foram excluídos do estudo.
Métodos
Foi realizada interpretação retrospectiva dos achados de RM, de 54 pacientes com quadro de dor no quadril/pelve, de acordo com as diretrizes do MY-RADS. Achados na RM incluíram: tipo de envolvimento da medula óssea e achados incidentais (osteonecrose e fraturas). A concordância inter- e intra-leitor foram calculadas usando o coeficiente kappa de Cohen. As taxas de sobrevivência e recidiva, tipo de transplante e dias de hospitalização foram correlacionadas com os achados de RM.
Resultados
1/52 dos pacientes apresentou padrão de medula óssea normal, 20/52 apresentaram padrão focal, 26/52 padrão difuso e 15/52, padrão misto baseado nas descrições do MY-RADS. Nenhum caso de padrão micronodular foi reportado. Dentre os achados incidentais, foram observados n=6 para osteonecrose e n=5 para fraturas patológicas naqueles com maior tempo médio de internação. A concordância intra- e inter-leitor na avaliação do MY-RADS foi boa (valor de k entre 0,61-0,8). O padrão focal foi melhor representado em pacientes com osteonecrose e pior taxa de sobrevivência. O padrão difuso foi melhor representado nos casos de recidiva. Nenhuma correlação estatística significativa entre padrão de infiltração da medula óssea e tipo de transplante foi identificada.
Conclusão
A RM pode reconhecer diferentes tipos de padrão de infiltração e complicações em pacientes com MM transplantados com dor no quadril/ pelve, sendo útil também na correlação entre as causas da dor e os parâmetros clínicos.
Link
https://doi.org/10.1016/j.ejrad.2020.109154
Comentários do editor sênior
Agradecemos por esse estudo interessante. Ele confirma que a RM possui um papel importante na vigilância do MM antes e após o transplante de medula. A TC de corpo inteiro está se tornando mais popular nessa área, mas a RM apresenta melhor custo-benefício, sendo provavelmente um melhor método para acompanhar esses pacientes.
Mensagem para estudantes de radiologia
Esteja familiarizado com os componentes do MYRADS. Observe a tabela abaixo.
Messiou, Christina, et al. “Guidelines for acquisition, interpretation, and reporting of whole-body MRI in myeloma: myeloma response assessment and diagnosis system (MY-RADS).” Radiology 291.1 (2019): 5-13.
A diferenciação entre cisto ósseo aneurismático e osteosarcoma telangiectásico: um estudo clínico, radiográfico e de RM
Umme Sara Zishan, Ian Pressney, Michael Khoo & Asif Saifuddin
Skeletal Radiology
Contexto
O cisto ósseo aneurismático (COA) e o osteosarcoma telangiectásico (OT) podem ser difíceis de diferenciar devido às suas características clínicas e de imagem similares, incluindo idade de apresentação jovem, envolvimento de ossos longos, aparência lítica na radiografia e níveis líquido-líquido na RM. No entanto, seu manejo é significativamente diferente. A diferenciação confiável das imagens pode afetar positivamente o cuidado em casos complexos.
Pergunta
Existem características confiáveis nas imagens que podem auxiliar na diferenciação entre cisto COA e OT?
Estudo
Estudo retrospectivo.
Participantes
Pacientes com diagnóstico histopatológico de COA ou OT confirmado e radiografia pré cirúrgica e/ou RM disponível ao longo de um período de 11 anos.
Critérios de exclusão
Nenhum caso foi excluído.
Materiais e métodos
Revisão retrospectiva de todos os COA e OT histologicamente confirmados ao longo de 11 anos. Os dados registrados incluíram idade no momento da apresentação, sexo, localização no esqueleto e diversas características radiográficas e de RM. Foi realizada análise estatística das variáveis registradas e da concordância inter-observador.
Resultados
Este estudo retrospectivo incluiu 183 pacientes, 92 homens e 91 mulheres. A idade média no momento da apresentação foi de 18,4 anos (intervalo de 1 a 70 anos); 152 casos de COA e 31 de OT. Nenhuma diferença significativa entre idade e sexo foi notada. Casos de OT foram menos prováveis de envolver o esqueleto axial; não foi notada nenhuma diferença relacionada à localização óssea. Achados radiográficos que significativamente favorecem o diagnóstico de COA incluíram padrão de destruição óssea menos agressivo, aparência puramente lítica, córtex expandido, porém intacto, ausência de reação periosteal e ausência de componente de partes moles. As características da RM que significativamente favorecem o diagnóstico de COA incluíram tumor de menor tamanho (dimensão média máxima de 46 mm comparado com 95 mm nos OT), ausência de componente de partes moles, >2/3 da lesão preenchida por níveis líquidos e fino realce septal após o contraste.
Conclusão
Várias características de radiografia e RM auxiliam na diferenciação de COA e OT incluindo tamanho, componente de partes moles associado, percentual da lesão preenchida por níveis líquidos e lesões de tipo geográfico de destruição óssea 1A ou 1B que são completamente preenchidas por níveis líquido-líquido na RM podem ser diagnosticadas com segurança como COA.
Link
https://doi.org/10.1007/s00256-020-03432-w
Comentários do editor sênior
Parabéns. Excelente trabalho e bons pontos para confirmar a agressividade do OT comparado com o COA na imagem, apesar de uma amostra de OT relativamente menor.
Mensagem para estudantes de radiologia
Quando você revisa radiografias e RM e procura diferenciar cisto ósseo aneurismático e osteosarcoma telangiectásico use os seguintes critérios como auxílio.
Osteosarcoma telangiectásico:
- Menor probabilidade de envolver o esqueleto axial
- Tumor de maior tamanho (dimensão média máxima de 95mm)
- Destruição óssea agressiva com níveis líquido-líquido apenas em partes da lesão. Necessidade de biópsia
Cisto ósseo aneurismático
- Padrão de destruição óssea menos agressivo
- Aparência puramente lítica, córtex expandido, porém intacto
- Ausência de reação periosteal
- Ausência de componente de partes moles
- Tumor de menor tamanho (dimensão média máxima de 46 mm)
- > 2/3 da lesão preenchida por níveis líquido-líquido e fino realce septal após o contraste
Avaliação por Deep learning de radiografias pélvicas quanto ao posicionamento, presença de dispositivos e detecção de fratura.
Gene Kitamura
European Journal of Radiology
Contexto
Modelos de Deep learnig, ou aprendizagem profunda (AP) em português, vem se demonstrando úteis para aumentar a eficiência e a precisão dos relatórios pelos radiologistas. Estudos recentes mostraram a utilidade da AP na detecção de fraturas do quadril em radiografias pélvicas. No entanto, há uma escassez de estudos quanto à utilização de AP para detectar fraturas pélvicas e acetabulares.
Pergunta
Podem ser desenvolvidos modelos de AP podem com o objetivo de detectar o posicionamento pélvico na radiografia, a presença de dispositivos e fratura pélvica/ acetabular?
Estudo
Revisão retrospectiva.
Participantes
Pacientes >18 anos, ao longo de um período de aproximadamente 10 anos, com radiografia pélvica obtida em emergência ou ambiente hospitalar.
Critérios de exclusão
Qualidade abaixo do ideal devido a fatores técnicos determinados por um radiologista certificado.
Métodos
Os dados foram adquiridos retrospectivamente entre 08/2009 – 06/2019. Foram incluídos os exames de radiografia pélvica nos quais havia a palavra “fratura” na impressão do laudo, dispositivos e radiografias pélvicas adquiridas aleatoriamente. Um subconjunto dos dados foi dividido em 4 legendas para posicionamento e 2 para dispositivos com objetivo de criar legendas de classificação de posição e detecção de dispositivos. Os dados restantes foram analisados com esses modelos treinados, classificados com base em 6 padrões distintos de fratura. Foram avaliadas curva ROC, área sob a curva (AUC), entre outras variáveis.
Resultados
Os modelos de posicionamento e detecção de dispositivos tiveram boa performance, com uma AUC de 0,99 – 1,00. A AUC para detecção de fratura proximal do fêmur foi de até 0,95, em concordância com pesquisas anteriormente publicadas. O desempenho da detecção de fratura pélvica e acetabular foi de 0,70 para a categoria pelve posterior e de até 0,85 para a categoria acetabular com o modelo de fratura “isolado”.
Conclusão
Modelos de AP podem detectar com sucesso o posicionamento pélvico e a presença de dispositivos e fraturas pélvicas e acetabulares, com perda de AUC de apenas 0,03 para fratura proximal do fêmur, podendo auxiliar de forma significativa a interpretação das imagens pelos radiologistas.
Link
https://doi.org/10.1016/j.ejrad.2020.109139
Comentários do editor sênior
As pesquisas relacionadas à inteligência artificial estão avançando em ritmo exponencial. Bom trabalho! Esperamos que a inteligência artificial faça mais no futuro e executem medições relevantes de angulação e deslocamento dessas fraturas.
Mensagem para estudantes de radiologia
A inteligência artificial está aqui para ficar e é preciso se adaptar.
A detecção de fraturas femorais e pélvicas vai ajudar a reduzir a morbidade e mortalidade.
Usar o software da inteligência artificial para mover pacientes com fraturas para o topo das listas no pronto-socorro seria particularmente útil.
Biópsia guiada por TC para espondilodiscite: calibre da agulha e resultados microbiológicos
Jad S. Husseini & F. Joseph Simeone & Sandra B. Nelson & Connie Y. Chang
Skeletal Radiology
Contexto
A taxa de cultura positiva oriunda de biópsias por agulha varia na literatura, com dados limitados sobre os fatores que determinam a taxa de positividade. Há impactos negativos no cuidado de pacientes e na administração de antibióticos no cenário de culturas negativas e achados de imagem de espondilodiscite.
Pergunta
Os resultados microbiológicos têm relação com o calibre da agulha utilizada para biópsias guiadas por TC em casos suspeitos de espondilodiscite?
Estudo
Estudo retrospectivo.
Participantes
Todos os pacientes que foram submetidos à biópsia guiada por TC para suspeita de osteomielite- discite em uma instituição entre 2002 e 2019.
Critérios de exclusão
Pacientes com diagnóstico prévio de espondilodiscite confirmado clinicamente ou por biópsia na época do procedimento e pacientes que não receberam acompanhamento suficiente para estabelecer um diagnóstico clínico de osteomielite.
Métodos
Por meio da revisão de prontuários foram obtidos dados da localização da biópsia, tipo e calibre da agulha, microbiologia, patologia e acompanhamento clínico e de imagens. Foram calculados os casos de sucesso do procedimento (número total de achados verdadeiros positivos divididos pelo número total de materiais obtidos por biópsia multiplicados por 100%), a sensibilidade, a especificidade e a acurácia. Uma análise pareada de diferentes calibres de agulha também foi realizada com cálculo da razão de chance (RC). O algoritmo de classificação Naive Bayes foi utilizado.
Resultados
Foram realizadas 241 (idade: 59 ± 18 anos; 88 [35%] F, 162 [65%]M) biópsias, dos quais 3 (1%) com agulha de calibre 11 (G), 13 com calibre 12 (5%); 23 com calibre 13 (10%); 75 com calibre 14 (31%); 90 com calibre 16 (37%), 33 com calibre 18 (14%) e 4 com calibre 20 (2%). O verdadeiro estado da doença (presença de infecção) foi determinado por meio de achados patológicos (205, 86%) ou acompanhamento clínico e de imagem (36, 14%). O patógeno positivo mais comum foi o Staphylococcus aureus (31,33%).
O valor preditivo positivo (VPP) da biópsia, a sensibilidade, a especificidade e a acurácia foram de 39%, 56%, 89% e 66%, respectivamente. O VPP, a sensibilidade e a precisão da biópsia combinados foram de 56%, 69%, 71% e 69% para agulhas de calibre 11-13 e 36%, 53%, 91% e 65% para agulhas de calibre 14-20, respectivamente, com razão de chance entre os dois grupos de 2,29 (P=0,021). O VPP, a sensibilidade e a precisão da biópsia combinada foram 48%, 63%, 85% e 68% para agulhas de calibre 11-14 e 32%, 49%, 91% e 64% para agulhas de calibre 16-20, respectivamente, com razão de chance entre os dois grupos de 2,02 (P=0,0086).
Conclusão
O uso de agulha de biópsia com maior diâmetro interno pode aumentar a probabilidade da cultura do microrganismo causador da osteomielite-discite ser positiva, e aparece associada particularmente com um aumento da sensitividade para osteomielite. Isso pode ser útil para radiologistas intervencionistas e resultar em um maior impacto positivo no cuidado do paciente submetido à biopsia por suspeita de osteomielite.
Link
https://doi.org/10.1007/s00256-020-03439-3
Comentários do editor sênior
Agradecemos o interessante estudo. O VPP da biópsia para infecções ósseas permanece baixa, apenas 50% ou menos. A experiência na patologia e disposição do patologista em realizar o diagnóstico difícil de osteomielite também variam de acordo com sua habilidade e nível de confiança. Dados esses fatores de confusão, esse é um estudo útil. Com o uso comum de biópsias com maior calibre, os resultados provavelmente serão melhores do que em estudos prévios.
Mensagem para estudantes de radiologia
Considere todos os aspectos do procedimento e seus impactos no paciente.
O uso de agulha de maior calibre (quando seguro) pode aumentar o sucesso da biópsia óssea em casos de infecção.
Modernização da avaliação da idade óssea: comparando a precisão e confiabilidade de um algoritmo de inteligência artificial e classificação de idade óssea abreviada em relação a Greulich and Pyle
Mina Gerges & Hayley Eng & Harpreet Chhina & Anthony Cooper
Skeletal Radiology
Contexto
Greulich e Pyle (GP) é um dos métodos mais comuns para determinar a idade óssea a partir de radiografias de mão. Recentemente, novos métodos têm sido desenvolvidos para aumentar a eficiência da análise da idade óssea, incluindo classificação da idade óssea abreviada (IOA) e algoritmos automatizados de inteligência artificial.
Pergunta
O uso dos novos métodos (IOA ou algoritmos automatizados de inteligência artificial) afetam a precisão e confiabilidade da avaliação da idade óssea?
Estudo
Estudo retrospectiva.
Participantes
Pacientes do banco de dados de um hospital entre 12,5-16 e 10-14 anos para sexo masculino e feminino, respectivamente.
Critérios de exclusão
Diagnóstico ou evidência de fratura da mão ou punho ipsilateral dentro de 2 anos antes do exame e diagnóstico de displasia ou doença endócrina que possa afetar a estatura.
Métodos
426 pacientes (números iguais de homens e mulheres) tiveram sua idade óssea determinada por dois avaliadores independentes usando os métodos IOA e GP. Três semanas depois, os dois avaliadores repetiram a análise das radiografias. O tempo de avaliação dos leitores foi marcado utilizando-se um cronômetro online. As radiografias não identificadas foram transferidas com segurança para o algoritmo automatizado desenvolvido por um grupo de radiologistas em Toronto. O padrão ouro considerado foi o relatório, anexado a cada imagem, e escrito por radiologistas experientes utilizando o método GP.
Resultados
A correlação entre cada método e o padrão ouro ficou na faixa de 0,8 a 0,9, destacando concordância significativa. A maioria das comparações mostraram diferença estatística significativa entre os novos métodos e o padrão ouro; no entanto, isso pode não ser clinicamente relevante uma vez que varia entre 0,25 e 0,5 anos. A idade óssea é considerada anormal quando fica fora de 2 desvios-padrões da idade cronológica; os desvios padrões são calculados pelo método GP.
Conclusão
O método IOA e o algoritmo automatizado produziram valores que foram estatisticamente diferentes, porém clinicamente de acordo com o padrão ouro e com tempo de análise reduzido.
Link
https://doi.org/10.1007/s00256-020-03429-5
Comentários do editor sênior
Um bom uso da inteligência artificial com tarefas repetitivas e tediosas. Agradecemos pelo trabalho.
Mensagem para estudantes de radiologia
A utilização da inteligência artificial para auxiliar na realização de tarefas repetitivas e tediosas pode ser um bom uso da tecnologia, especialmente quando há comprovação de bom desempenho quando comparado ao padrão ouro.
References