What’s new in MSK Imaging (Portuguese) – June 2021

4 anos ago

 

Algoritmo diagnóstico em artroplastia séptica total do joelho – O que é prática baseada em evidências?

Christian Suren, Igor Lazic, Maximilian Stephan, Florian Walter Lenze, Florian Pohlig, Rüdiger von Eisenhart-Rothe.

Journal of Orthopaedics

Contexto

Uma das principais dificuldades do manejo da falha da artroplastia total do joelho (ATJ) é determinar se a causa tem origem na infecção da articulação protética (IAP), um dos diagnósticos diferenciais mais comuns neste contexto. Não existe um critério único e preciso para o diagnóstico da IAP. A fim de se estabelecer um padrão para este diagnóstico, várias instituições postularam definições para IAP, juntamente com critérios distintos e sugeriram algoritmos com pequenas diferenças. Este artigo revê critérios incluídos na Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS), Sociedade de Infecção Musculoesquelética (MSIS), Reunião de Consenso Internacional sobre a Definição de Infecções Articulares Protéticas (ICM), Sociedade de Doenças Infecciosas da América (IDSA), e as definições da Sociedade Europeia de Infecções Ósseas e Articulares (EBJIS).

Desenho de Estudo

Artigo de revisão

Resumo

A infecção aguda da ATJ apresenta frequentemente sintomas clássicos de infecção, embora a infecção crônica, de baixo grau, possa muitas vezes não ser notada no exame clínico, sendo a dor, o sintoma mais sensível (mas menos específico) relatado pelos pacientes.

Os valores de exames laboratoriais podem ser úteis para uma melhor avaliação. As definições MSIS e ICM para IAP incluem valores limítrofes de 10 mg/l para proteína C reativa (PCR) e 30 mm/h para velocidade de hemossedimentação (VHS) como sendo suficientemente sensíveis para IAP de baixo grau. Estes não estão incluídos nas definições IDSA ou EBJIS e destinam-se apenas como um teste de rastreio. O MSIS também inclui o D-dímero (com valor limiar de 860 ng/ml) como um critério adicional menor no rastreio desses pacientes.

As imagens não são normalmente incluídas nas definições de IAP. As radiografias simples fazem parte da pesquisa de IAP, podendo mostrar afrouxamento, no entanto, os casos sépticos e assépticos não podem ser distinguidos de forma confiável. O tempo de desenvolvimento do afrouxamento pode ser um dado útil. Embora a ressonância magnética seja útil, particularmente utilizando sequências de redução de artefato de metal, os relatórios são demasiado inconsistentes para serem incluídos nas atuais definições/algoritmos de IAP.

O AAOS inclui a medicina nuclear tardiamente no algoritmo de diagnóstico para IAP. A cintilografia óssea com 99mTc apresenta uma boa sensibilidade para afrouxamento também, embora não seja específica para a detecção da IAP. Os exames de PET ou a cintilografia com leucócitos marcados podem ser ainda mais úteis para este fim.

A análise de fluidos sinoviais é a principal etapa na suspeita diagnóstica de IAP. A contagem e o diferencial de leucócitos no líquido sinovial são critérios estabelecidos para o diagnóstico da IAP com valores limítrofes de 3000 células/ul e 80% de neutrófilos para a suspeita de infecção de baixo grau nos critérios da ICM e MSIS. Os critérios da EBJIS estabelecem valores mais baixos para estes marcadores. As tiras-teste de esterase leucocitária foram incluídas nos critérios diagnósticos da ICM para IAP. A cultura do líquido sinovial é também universalmente recomendada, com tempo de cultura de cerca de 14 dias para avaliar os organismos de crescimento lento, enquanto que a PCR também pode ser útil.

Finalmente, 3-6 biópsias intraoperatórias devem ser enviadas para cultura por um período de 14 dias. Antibióticos perioperatórios provavelmente não modifiquem os resultados dessas culturas.

Resultados

As diretrizes da AAOS sugerem dois algoritmos separados com base no risco. Se a VHS e a PCR forem negativas, não é recomendada qualquer outra avaliação, e o diagnóstico de infecção é considerado improvável. Se positivo, recomenda-se punção aspirativa do líquido sinovial articular, e em casos de resultados inconclusivos, novas punções são recomendadas. Além disso, nos casos inconclusivos manejo cirúrgico com a obtenção de secções congeladas intraoperatórias, imagens de medicina nuclear, ou seguimento em 3 meses podem ser necessários.

Os outros critérios utilizam valores laboratoriais, exames de medicina nuclear e avaliação intra-operatória em diferentes graus. Em geral, estas definições fornecem uma abordagem comum a um problema clínico difícil.

Conclusão

Várias definições de infecção das articulações protéticas foram desenvolvidas ao longo de uma década. Estas, provavelmente, mudarão com o tempo, no entanto, os critérios estabelecidos têm um bom desempenho em cenários clínicos e fornecem uma definição de IAP, evitando-se danos por excesso ou falta de tratamento. Nota: exames de imagem tem papel pouco importante nesta avaliação.

Link

https://doi.org/10.1016/j.jor.2020.12.020

Comentário Editorial Sênior

Obrigado pelo bom resumo. As imagens têm um papel significativo na descoberta da extensão da infecção. A periostite observada em radiografias é um sinal útil de infecção, além da radiolucência circunferencial peri-prostética e de alteração significativa em relação a exames anteriores, caso sejam disponibilizados. A presença de tratos sinusais, coleções complexas e edema fascial são também excelentes sinais de infecção na ressonância magnética.

Mensagem fundamental do trainee de radiologia

O diagnóstico da infecção das articulações protéticas inclui muito mais do que estudos radiológicos, contudo o radiologista pode ser muito útil na observação do afrouxamento das próteses e o tempo evolução em que ocorrem.

Além disso, embora a RM não esteja incluída nas definições da IAP neste momento, os protocolos MARS aumentam a probabilidade de que imagens de RM possam ser úteis e incluídas nos futuros critérios de diagnóstico para esta condição. Além disso, o exame de PET para o diagnóstico de infecção também pode ser útil no futuro.

 

Complicações nas injeções musculoesqueléticas guiadas por imagem

John P. Hynes, Meadhbh Ni Fhlatharta, James W. Ryan, Peter J. MacMahon, Stephen J. Eustace, Eoin C. Kavanagh

Radiologia do esqueleto

Contexto:

As injeções musculoesqueléticas guiadas por imagem contribuem para o manejo de diversas condições agudas e crônicas, incluindo a origem e o alívio da dor, além de permitir que os pacientes atrasem ou evitem a cirurgia. Os procedimentos guiados por imagem têm demonstrado maior precisão na colocação das agulhas em comparação com os procedimentos às cegas. No entanto, os dados sobre a incidência de complicações permanecem limitados.

Desenho do estudo:

Estudo retrospectivo de melhoria da qualidade

Participantes:

Um total de 8226 pacientes submetidos a injeções musculoesqueléticas guiados por imagem em um período de aproximadamente 4 anos em uma única instituição. Todas as injeções foram realizadas por radiologistas om treinamento em radiologia musculoesquelética.

Métodos:

O sistema de classificação SIR para complicações foi usado para categorização e identificação de complicações em pacientes incluídos. O tipo de procedimento e a taxa de complicações para cada categoria foram registrados.

Resultados:

Exatamente 100 dos 8226 pacientes foram identificados como tendo uma complicação, com uma taxa de complicação total de 1,2%. Uma no membro inferior direito <1 h após o procedimento e uma nova extrusão de disco após bloqueio peridural caudal por esteroides) e exigiu intervenção cirúrgica imediata (discectomia). Os 99 restantes foram categorizados como complicações leves, mais frequentemente uma exacerbação da dor (58 pacientes) que foi autolimitada e/ou respondeu a analgésicos de venda livre em todos os casos. Quatro das complicações menores foram parestesias isoladas de membros inferiores ou pés, todas elas resolvidas sem intervenção. Nove pacientes relataram rubor facial que se resolveu espontaneamente. Oito pacientes descreveram um transtorno gastrointestinal, todos os quais resolvidos com medidas de apoio. Sete descreveram dor de cabeça após o procedimento, sem necessidade de investigação ou intervenção adicional. As complicações menos frequentes (3 ou menos pacientes) incluíram erupção cutânea/prurido, dor/palpitações no peito, edema facial, fadiga/fraqueza, disúria e visão embaçada.

Os procedimentos musculoesqueléticos realizados fora da coluna (classificados como “outros” neste estudo) apresentaram probabilidade significativamente maior de complicações (1,86%) do que os procedimentos realizados na colina (injeções guiadas por TC da coluna cervical – 0,93%, raiz do nervo lombar – 0,85%, articulação da face lombar – 0,67%, e injeções epidurais caudais – 1,29%). Os locais anatômicos com complicações mais comuns foram a articulação glenoumeral (2,97%) e a articulação sacroilíaca (3,51%).

Estudos mostram que a artrite séptica ocorre em <0,1%, no entanto, nesta série que incluiu o uso rotineiro da técnica asséptica, isto não foi observado. Também não ocorreram reações alérgicas significativas, embora o edema facial e as reações pruriginosas pudessem representar reações alérgicas retardadas.

Conclusão

Os procedimentos de imagem musculoesquelética na coluna vertebral guiados por imagem são seguros e geralmente bem tolerados, com uma taxa de complicações leves de 1,2% e uma taxa de complicações maiores de aproximadamente 0,01%, sendo a complicação mais comum um aumento transitório e limitado da dor local.

Link

https://doi.org/10.1007/s00256-020-03565-y

Comentário editorial sênior

Excelente trabalho. Demonstra que os procedimentos musculoesqueléticos executados cuidadosamente sob precauções assépticas e orientação de imagem levam a taxas de complicação extremamente baixas.

Mensagem fundamental do trainee de radiologia

Os procedimentos musculoesqueléticos guiados por imagem são seguros e bem tolerados. Este artigo fornece evidências sobre os efeitos e riscos esperados, e que podem ser utilizados pelos trainees ao aconselhar o paciente antes do procedimento.

 

Os valores de Atenuação da TC não distinguem de forma confiável as Lesões Escleróticas benignas das Metástases Osteoblásticas em Pacientes Submetidos à Biópsia Óssea

Antoine Azar, Hillary W. Garner, Nicholas G. Rhodes, Bhavya Yarlagadda e Daniel E. Wessell

American Journal of Roentgenology

Contexto

A TC é uma ferramenta de diagnóstico comum na avaliação de pacientes e lesões ósseas. Os achados ósseos acidentais podem, por vezes de origem indeterminada, podem exigir investigação adicional. Distinguir focos escleróticos benignos, tais como enostoses, de uma lesão maligna pode ser difícil na ausência de achados secundários característicos.

Pergunta

A atenuação por TC pode ser usada para distinguir com segurança lesões ósseas benignas de malignas?

Desenho do estudo

Estudo retrospectivo

Participantes

Pacientes que foram submetidos a uma TC ou biopsia óssea guiada por TC na clínica Mayo dentro de um período de aproximadamente 10 anos.

Critérios de Exclusão

Foram excluídos os pacientes sem correlação da lesão na TC diagnóstica com o local da biópsia óssea, aqueles sem lesão esclerótica na revisão pelo radiologista musculoesquelético, e aqueles sem relatório de patologia ou com biópsia não diagnóstica.

Métodos

Relatórios de TC dentro do período de tempo estabelecido foram pesquisados para uma variedade de termos usados para lesões ósseas escleróticas. Os relatórios também foram pesquisados para biópsias óssea de tomografia computadorizada dos ossos. As listas foram cruzadas para resultar em uma lista de pacientes com lesões escleróticas que foram identificadas na TC e posteriormente biopsiadas.

Dois radiologistas musculoesqueléticos revisaram os resultados de imagem e patológicos de cada lesão para verificar se as lesões biopsiadas eram escleróticas e se os relatórios patológicos estavam disponíveis. As lesões foram consideradas escleróticas se tivessem uma atenuação maior do que o osso trabecular nas imagens de janela óssea da tomografia computadorizada e não contivessem um componente gorduroso ou Iítico. Nos casos em que houve discordância entre os leitores sobre a inclusão da lesão, um terceiro radiologista musculoesquelético avaliou as imagens.

Os dados demográficos foram recuperados, assim como um histórico clínico incluindo histórico de malignidade e tratamento com radiaterapia/quimioterapia. Dois radiologistas musculoesqueléticos revisaram independentemente os exames de TC, colocando o maior ROI elíptico possível dentro da lesão óssea que deveria ser submetida à biópsia. Cada leitor registrou a atenuação máxima e média. Foi tomado o cuidado de excluir qualquer osso cortical adjacente.

A análise estatística foi então realizada.

Resultados

A amostra total incluiu 280 lesões ósseas escleróticas em 280 pacientes. 162 lesões eram malignas e 118 benignas. Das lesões malignas, 81 eram metástases osteoblásticas não tratadas e 81 tinham recebido tratamento prévio. A idade média dos pacientes era menor no grupo benigno do que no grupo maligno. O tamanho médio das lesões era menor no grupo benigno. A atenuação máxima e média das lesões na TC não foram significativamente diferentes entre quaisquer combinações de grupo para nenhum dos leitores.

A atenuação máxima da TC foi superior a 1060 para 13-15% das lesões malignas e para 21-23% das lesões benignas. A análise da curva ROC demonstrou que nem a atenuação máxima nem a atenuação média da lesão podiam distinguir com precisão as lesões escleróticas benignas das lesões malignas.

Conclusão

Nenhuma atenuação por tomografia computadorizada pôde ser encontrada de forma confiável para distinguir lesões escleróticas benignas de malignas, mesmo quando aplicadas por radiologistas musculoesqueléticos. As limitações do estudo incluem um possível viés de seleção, já que pacientes com alta suspeita clínica de lesões ósseas malignas ou com características de imagem relativas podem ter sido mais propensos a justificar uma biópsia, portanto a amostra pode não ser representativa da maioria das lesões ósseas por TC observadas pelos radiologistas.

Link

https://doi.org/10.2214/AJR.20.24029

Comentário editorial sênior

Nós nunca medimos a atenuação da lesão na TC. O melhor é correlacionar com a atenuação cortical, uma vez que lesões similares ao córtex são mais provavelmente totalmente calcificadas e sem células tumorais. Outros sinais úteis incluem, a forma alongada ao longo do longo eixo do osso, lesões adjacentes à superfície articular, margens irregulares trabeculadas, e nenhum edema da medula óssea. Muitas lesões tratadas, embora inicialmente malignas, também podem se parecer com enostoses.

Mensagem fundamental do trainee de radiologia

A atenuação pode ser um dado útil na avaliação de lesões ósseas para etiologias benignas ou malignas, com UH (Unidades de Hounsfield) semelhante ou superior ao córtex é favorável à etiologia benigna (enostoses). Infelizmente, como muitos dados clínicos, isto não pode ser usado como um marcador independente para excluir ou ser diagnóstico de malignidade. Os radiologistas terão que continuar levando em conta a história do paciente, bem como as características morfológicas na avaliação das lesões ósseas, a fim de determinar o diagnóstico mais provável e os próximos passos.

 

Avaliação por tomografia computorizada de dupla energia nos traumas esqueléticos

Igino Simonett, Francesco Verde, Luigi Palumbo, Francesco Di Pietto, Marta Puglia, Mariano Scaglione, Alfonso Ragozzino, Stefania Romano.

European Journal of Radiology

Contexto

O trauma é uma condição comum no Departamento de Emergência, e a avaliação de fratura óssea ocorre frequentemente neste contexto. O edema medular ósseo (BME) observado nos exames de ressonância magnética (RM) é um marcador de fraturas ocultas ou sutis. A RM é atualmente a modalidade mais sensível nestes casos, no entanto, trata-se de um método de difícil implementação no contexto agudo. A TC de dupla energia (capaz de fornecer mapas de edema da medula óssea) é uma forma alternativa de avaliação para o edema da medula óssea. O mapeamento do colágeno também pode ser útil na avaliação da lesão de partes moles em trauma.

Desenho de Estudos

Revisão

Resumo

Tecnicamente, a TC de dupla energia (DECT) utiliza a relação de atenuação da TC em energias de baixa e alta quilovoltagem para diferenciar a borda K de diferentes átomos, a fim de diferenciar os tipos de tecidos. Existem software e algoritmos de pós-processamento para fazer uso destes dados, sendo a identificação de edema de medula óssea (BME) uma das aplicações. Isto permite a reconstrução codificada por cores para identificar o edema da medula óssea e chamar a atenção do radiologista para uma área de preocupação.

O edema da medula óssea é um marcador estabelecido de lesões esqueléticas, e a técnica DECT demonstrou ajudar na detecção de lesões axiais e no esqueleto apendicular, com uma sensibilidade de 85% e especificidade de 97% em comparação com a ressonância magnética em meta-análise. A técnica DECT demonstrou ser útil no estabelecimento da cronicidade de lesões tais como fraturas por compressão vertebral. Esta técnica aumentou a sensibilidade à fratura pélvica em 4-5% em comparação com a TC normal, com a mesma sensibilidade e especificidade da RM em suspeitas de fraturas por fragilidade. No punho, a DECT teve uma sensibilidade de 100% e especificidade de 99,5% à detecção de fraturas dos ossos do carpo.

As limitações aos mapas de BME incluem a média de volume com osso cortical, dificuldade de interpretação em pacientes com medula hematopoiética, e edema em outras patologias como infecção. A variabilidade do leitor também pode limitar a avaliação.

O mapeamento do colágeno apresenta outro uso de TC de dupla energia no cenário traumático. O DECT tinha uma sensibilidade de 79% e especificidade de 100% no diagnóstico de lacerações do LCA quando comparado com a ressonância magnética. Estudos iniciais sugeriram que o DECT também pode ser útil no diagnóstico de lesões tendíneas e dos discos intervertebrais (com uma sensibilidade de 85% e especificidade de 75% para o envolvimento dos discos intervertebrais em fraturas vertebrais quando comparada com a RM, tendo um desempenho melhor do que apenas a TC).

Finalmente, a redução de artefatos metálicos nos tomógrafos de dupla energia podem levar a melhor avaliação das partes moles e ossos adjacentes. Neste cenário, as imagens monocromáticas mais elevadas disponíveis são geralmente as mais úteis adjacentes ao metal.

Conclusão

Os traumas musculoesqueléticos agudos são uma indicação frequente para exames, e o aumento da especificidade e sensibilidade diagnóstica é sempre útil para o paciente, radiologista e clínicos. O DECT permite a identificação de edema de medula óssea e estruturas contendo colágeno, anteriormente apenas bem identificadas na RM, um teste menos disponível e mais caro. O DECT pode ser de grande utilidade na implementação em situações de emergência.

Link

https://doi.org/10.1016/j.ejrad.2020.109456

Comentário Editorial Sênior

Os mapas de edema de medula óssea são obtidos rotineiramente em estudos musculoesqueléticos na nossa instituição. São muito úteis para encontrar o local da fratura, especialmente se toda a extremidade tiver sido incluída no estudo, diferenciando fraturas agudas de crônicas. É também útil para a criação de reconstruções de volume em 3D, redução de artefatos metálicos, e finalmente, para casos de osteomielite, nos quais a RM não pode ser obtida. Acho-a muito útil para as extremidades, não tanto no esqueleto axial devido a artefatos de medula vermelha. Além disso, o edema medular ósseo pode ser obscurecido nos casos em que o paciente estiver utilizando calha gessada, ainda que tenha uma fratura aguda. Em áreas pequenas, como por exemplo o pé, múltiplos ossos podem mostrar edema devido a contusões, mas o mapa ainda ajuda a chamar a atenção do revisor para o local da lesão.

Mensagem fundamental do trainee de radiologia

O DECT pode ser útil para o tratamento de lesões musculoesqueléticas. Os mapas de edema de medula óssea podem ajudar a chamar a atenção do radiologista para fraturas sutis ou não deslocadas, e o mapeamento do colágeno pode aumentar o diagnóstico de lesões em estruturas de tecidos moles. Além disso, os mapas de edema de medula óssea podem ser úteis para determinar a idade de uma lesão. Os estagiários de radiologia devem ficar à vontade com estes novos dados e com o software de pós-processamento necessário, a fim de aumentar o seu rendimento e certeza diagnóstica.

 

Tratamento de lacerações parciais do Ligamento Cruzado Anterior: Uma Revisão da Anatomia, Diagnóstico e Tratamento.

Austin V Stone, Sean Marx, Caitlin W Conley

Journal of the American AcademY of Odhopaedic Suroeons

Contexto

As roturas parciais do LCA comprometem aproximadamente 10-27% das lesões isoladas do LCA e podem ser difíceis de diagnosticar clinicamente. Existem várias opções de tratamento, desde o manejo conservador, reconstrução parcial, até a reconstrução total do LCA.

Desenho do estudo

Revisão

Resumo

O LCA é composto principalmente de colágeno tipo I e III com colágeno tipo IV nos locais de inserção. A fixação do LCA é considerada um tipo de inserção óssea ligamentar direta e contém 4 zonas histológicas – ligamento, fibrocartilagem não calcificada, fibrocartilagem calcificada e osso. O LCA se insere no aspecto posteromedial do côndilo femoral lateral e se estende distal e anterior para se inserir em uma área imediatamente anterior à eminência intercondiliana da tíbia. É dividido em feixe anteromedial (AM) e feixe posterolateral (PL) com inserções distintas na tíbia e no fêmur. O AM é isométrico e o PL é anisométrico, com o AM aparecendo como uma faixa plana em extensão e o PL esticado, e com o AM apertado e o PL afrouxado com flexão progressiva. O AM proporciona restrição anterior em flexão e o PL proporciona restrição rotativa em extensão, com uma força anterior em flexão mais provável de lesionar o AM e uma força similar em extensão mais provável de lesionar o PL. O suprimento de sangue se origina da artéria genicular medial.

Derrame articular é comum em lesões agudas. O teste de Lachman muitas vezes provoca uma frouxidão anterior moderada em comparação com o Iado contralateral, com um ponto final retardado, mas firme. Os graus 2 e 3 do teste pivot shift são mais comumente associados à rotura completa de LCA, enquanto as roturas parciais são mais prováveis de serem classificadas em 0 ou 1. O teste de Lever apresenta precisão diagnóstica de 77% na literatura.

Exames de imagem podem ser úteis na avaliação de lacerações de LCA. As radiografias são usadas para avaliar a lesão óssea. As radiografias de tensão lateral não demonstraram ser superiores às radiografias convencionais em uma revisão sistêmica. A RM é mais comumente usada, mas é menos confiável na categorização e identificação de lacerações parciais em comparação a lacerações completas, com precisão de 25-53%, na literatura. O aumento do sinal T2 dentro do LCA, espessamento/desorganização difuso do LCA, pode sugerir uma laceração parcial. Imagens oblíquas também pode ser úteis para avaliação. O sinal do “gap”, que se caracteriza pelo aumento do sinal entre o côndilo femoral lateral e as fibras proximais do LCA e o sinal do “footprint”, que se caracteriza pelo aumento de sinal na inserção da banda posterolateral na tíbia também podem ser úteis.

Em geral, o padrão ouro para o diagnóstico é a confirmação intraoperatório de um exame estável do joelho.

O tratamento não cirúrgico com reabilitação é indicado para joelhos clinicamente estáveis e funcionais, porém é improvável que as lesões parciais cicatrizem sem cirurgia, pois o fluido sinovial limita o processo normal de cicatrização através de uma bainha de fibrina com substituição por colágeno e fibroblastos. A literatura mais recente com injeção de produtos biológicos, como PRP (plasma rico em plaquetas) ou fatores de crescimento, tem tido resultados variáveis.

Os feixes seletivos podem ser cirurgicamente reconstruídos, procurando restaurar a anatomia individual dos feixes. As reconstruções tradicionais também podem ser realizadas, com o benefício da reprodutibilidade e sem diferenças significativas nos resultados funcionais.

Conclusões

As roturas parciais do LCA podem ser um diagnóstico desafiador baseado em achados clínicos e radiológicos. O padrão ouro para o diagnóstico é a avaliação intraoperatória. O tratamento varia desde a reconstrução conservadora até a reconstrução completa do LCA.

Link

https://doi.org/10.5435/jaaos-d-20-00242

Comentário editorial sênior

O tratamento cirúrgico do LCA depende da demanda física do paciente (atleta ou não-atleta), das lesões meniscais coexistentes e da idade, além da extensão real da lesão parcial do LCA. As lesões parciais por si só podem ou não Ievar à instabilidade do joelho. Como radiologista, cabe a nós descrevermos com precisão a extensão da lesão (também conhecida como dissecção virtual em uma RM de alta resolução de boa qualidade). Não fazemos ressonância magnética oblíqua, pois as RM 3D tem voxel submilimétrico e podem ser reconstruídas em qualquer plano desejado, removendo o viés do planejamento técnico. Além disso, a alta SNR (relação sinal-ruído) e o melhor contraste líquido das imagens de TSE (turbo spin echo) 3D permitem a diferenciação de componentes mucoides e cicatriciais dos feixes de fibra do LCA.

Mensagem fundamental do trainee de radiologia

Lacerações parciais de LCA podem ser difíceis de identificar radiologicamente. A vascularização da laceração do LCA pode aumentar a probabilidade de que a efusão/hemartrose seja radiologicamente aparente. As radiografias de esforço não demonstraram ser úteis. Atenção especial na RM à distinção dos feixes do LCA pode ajudar a melhorar o valor diagnóstico das RMs neste cenário.

References
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