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Performance diagnóstica da ressonância magnética (RM) para detectar rotura meniscal em rampa em pacientes com lesão do ligamento cruzado anterior: revisão sistemática e meta-análise.
Koo B, Lee SH, Yun SJ, Song JG. Diagnostic performance of magnetic resonance imaging for detecting meniscal ramp lesions in patients with anterior cruciate ligament tears: a systematic review and meta-analysis. The American Journal of Sports Medicine. 2019 Nov 4:0363546519880528.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31684739/
Contexto: “Ramp lesion” ou rotura meniscal do tipo rampa é o desgaste, rotura ou separação dos ligamentos meniscocapsulares periféricos do corno posterior do menisco medial (MM). A reconstrução do ligamento cruzado anterior sem o reparo deste tipo de lesão meniscal pode determinar falha no reestabelecimento da movimentação desta articulação. As lesões em rampa podem levar à instabilidade do joelho, e acelerar as alterações degenerativas meniscais e da cartilagem articular. A RM é o método de imagem de escolha para o diagnóstico destas lesões. No entanto, sua precisão diagnóstica apresenta grande variabilidade.
Perguntas: Qual a sensibilidade e especificidade da ressonância magnética no diagnóstico da lesão em rampa em pacientes com rotura do ligamento cruzado anterior?
Estudo: Revisão sistemática e meta-análise.
Participantes: 883 pacientes com rotura e posterior reconstrução do ligamento cruzado anterior (8 artigos originais incluindo 9 estudos de performance diagnóstica).
Critérios de exclusão: (1) relato de caso ou série de casos; (2) artigos de revisão, guidelines, consensos, cartas, editoriais e resumos de congressos; (3) estudos não pertencentes ao campo de interesse; (4) estudos não realizados em seres humanos vivos e (5) estudos com dados insuficientes para uma tabela 2×2.
Método: Uma revisão da literatura nas bases de dados do PubMed, EMBASE e da Biblioteca Cochrane foi realizada utilizando-se as diretrizes revisadas do PRISMA DTA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysiss of Diagnostic Accuracy Studies). Foram incluídos os estudos de desempenho diagnóstico utilizando a RM como teste índice e a artroscopia como padrão de referência para lesão em rampa. Análise estatística foi realizada com o objetivo de avaliar o desempenho diagnóstico da RM e identificar possíveis fontes de heterogeneidade.
Resultados principais: A performance diagnóstica da RM para o diagnóstico de lesões em rampa apresentou sensibilidade, especificidade e área sob a HSROC de 0,71 (IC 95%, 0,59-0,81), 0,94 (IC 95%, 0,88-0,97) e 0,90 (IC95%, 0,87-0,92), respectivamente. Entre as possíveis covariáveis, a potência do magneto (P < .01), a posição do joelho do paciente (PP = 0,04) e o leitor do exame de RM (PP = 04) estavam associados à heterogeneidade quanto à sensibilidade, enquanto a potência do magneto (P = .03) estava associada à heterogeneidade quanto à especificidade.
Conclusão: A RM demonstrou sensibilidade moderada e excelente especificidade para o diagnóstico da lesão em rampa. A avaliação artroscópica de rotina é recomendada nos casos em que haja suspeita clínica deste tipo de lesão, independente do exame de RM. Outros estudos clínico-radiológicos de algoritmos diagnósticos são necessários para identificar as lesões em rampa, tais como a RM de alta resolução com posição adequada do joelho.
Comentários: Nós parabenizamos os autores por publicarem seu extenso trabalho na área relacionada às lesões de MM no contexto de lesão do ligamento cruzado anterior. Vale ressaltar que a artroscopia não é o padrão ouro para avaliação precisa das lesões na junção meniscocapsular, especialmente no contexto de uma análise retrospectiva. Em segundo lugar, é muito comum ver uma fratura de canto ou rotura longitudinal do menisco medial em associação com lesão do ligamento cruzado anterior. Estiramento ou separação meniscocapsulares, frequentemente associadas a tais roturas, são difíceis de distinguir na RM. Além disso, como muitas vezes a artroscopia para reconstrução do ligamento cruzado anterior é postergada, evitando problemas de rigidez relacionados à reconstrução precoce, esta avaliação precisa pode não ser válida para uso na prática clínica da rotina atual.
Classificação epidemiológica e de imagem das lesões pediátricas da coluna: 12 anos de experiência em um centro de trauma nível 1
Beckmann NM, Chinapuvvula NR, Zhang X, West OC. Epidemiology and imaging classification of pediatric cervical spine injuries: 12-year experience at a Level 1 Trauma Center. American Journal of Roentgenology. 2020 Jun;214(6):1359-68.
https://www.ajronline.org/doi/abs/10.2214/AJR.19.22095
Perguntas: Qual é a taxa de lesões na coluna cervical na população pediátrica com trauma contuso? Quais são os tipos de lesões na coluna cervical nessa população?
Estudo: Estudo retrospectivo.
Participantes: Duzentos e trinta e cinco pacientes com 16 anos ou menos e com diagnóstico de lesão na coluna cervical nos registros de trauma, entre julho de 2006 e junho de 2018.
Critérios de exclusão: Pacientes sem exames de TC ou RM e aqueles com trauma penetrante na coluna cervical foram excluídos.
Método: As imagens de TC, RM ou ambas foram revisadas por um radiologista com treinamento na área de imagem musculoesquelética e com 13 anos de experiência. Foram registrados o nível e o tipo de lesão. Nos casos em que as radiografias estavam disponíveis, o relatório foi revisado e comparado com os achados nas imagens de TC ou RM.
Resultados principais: A frequência de lesão na coluna cervical superior isolada foi de 73% em pacientes menores de 3 anos, 48% em pacientes entre 3 e 8 anos e 29% em pacientes maiores de 8 anos. 71% das fraturas do côndilo occipital e 26% das fraturas do odontoide foram avulsões. Fraturas do odontoide do tipo II foram encontradas somente em pacientes maiores de 8 anos. Fraturas do odontoide do tipo I e III foram encontradas quase exclusivamente em pacientes de 8 anos ou menos. As lesões classificadas como AO tipo A, B e C foram de 65,6%, 17,2% e 17,2% respectivamente.
Conclusão: Pacientes pediátricos têm altas taxas de lesões na coluna cervical superior, que tendem a ser lesões de distração frequentemente associadas a fraturas por avulsão. Os padrões de lesões em pacientes pediátricos variam significativamente de acordo com a idade. Pacientes menores de 3 anos são particularmente sujeitos a lesões do tipo distração.
Comentários: Obrigado pelo trabalho. O tamanho relativamente maior da cabeça pediátrica e os ligamentos cervicais mais fortes provavelmente explicam a alta frequência de lesões da coluna cervical superiores e fraturas típicas por avulsão.
Valor clínico da avaliação por ultrassonografia na epicondilite lateral contra controle de assintomáticos saudáveis
Krogh TP, Fredberg U, Ammitzbøll C, Ellingsen T. Clinical Value of Ultrasonographic Assessment in Lateral Epicondylitis Versus Asymptomatic Healthy Controls. The American Journal of Sports Medicine. 2020 Jun 2:0363546520921949.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32484714/
Contexto: A epicondilite lateral (EL), também conhecida como cotovelo do tenista, é uma síndrome caracterizada por uso excessivo do tendão extensor comum, na qual se observa o aumento da espessura deste tendão. A ultrassonografia é comumente utilizada na avaliação da EL. A força das evidências que sustentam seu papel, no entanto, não são bem documentadas.
Perguntas: A ultrassonografia pode ser utilizada isoladamente para o diagnóstico da EL? As características do tendão extensor comum ao Doppler colorido são específicas e indicativas de EL? Há uma associação entre a presença de esporão ósseo e o desenvolvimento de EL?
Estudo: Observacional transversal e comparativo.
Participantes: 264 participantes com cotovelo saudável e 60 com EL crônica.
Critérios de exclusão de pacientes com EL: Menores de 18 anos, injeção de glicocorticoide nos últimos 3 meses, cirurgia para EL prévia, doenças inflamatórias (ex. artrite reumatoide, artrite psoriásica ou doença intestinal inflamatória), dores no pescoço, dores no ombro ipsilateral e outras síndromes de dores crônicas generalizadas.
Critérios de exclusão para grupo com cotovelo saudável: Menores de 20 anos e qualquer história de dor lateral no cotovelo.
Método: Foram avaliadas a espessura do tendão, sua atividade ao Doppler colorido e a presença de esporão ósseo. Além das características do paciente, dor, instabilidade, e a pontuação da avaliação do cotovelo de tenista classificado pelo paciente (PRTEE) foram também registradas.
Resultados principais: Dependendo da técnica usada para medir a espessura do tendão, o aumento foi de 0.53 mm (10,2%) ou 0.70 mm (14.5%) quando comparado com o cotovelo contralateral e 0,40 mm (7.9%) ou 0.41 mm (8.5%) quando comparado com a população geral. A atividade no Doppler colorido (em uma escala de 0-4) foi de 3.47 no cotovelo com EL, 0.13 em seu contralateral assintomático e 0.26 na população geral. Esporão ósseo foi observado em 78% dos pacientes com EL, 45% no cotovelo contralateral e 50% na população geral.
Conclusão: A ultrassonografia não pode ser utilizada de forma isolada como ferramenta de diagnóstico, mas como um exame complementar na avaliação geral devido às variações marcadas da espessura natural do tendão, bem como pequenos aumentos na espessura do tendão em pacientes com EL. O cotovelo contralateral, quando assintomático, constitui um parâmetro melhor de comparação para a espessura do tendão do que este valor na população geral. A atividade no Doppler colorido é um indicador de tendinopatia e corrobora para o diagnóstico de EL, embora não seja específico desta condição. A ausência de atividade no Doppler colorido em pacientes com suspeita de EL deve levantar suspeitas para outro diagnóstico. A identificação de esporão ósseo tem valor clínico limitado devido a sua alta prevalência na população geral. Os resultados de dor, incapacidade, PRTEE e duração da doença não foram relacionados com os parâmetros investigados na ultrassonografia.
Comentários: Agradecemos por esse estudo interessante. Em nossa prática, uma maior sensibilidade à palpação ultrassonográfica possui grande impacto na decisão sobre a presença de inflamação ativa no tendão. Concordamos que esporões ósseos ou espessamentos tendíneos sejam achados acidentais comuns.
Nem tudo o que é verde é tofo: a importância da otimização do valor mínimo da densidade e da utilização de um filtro de metal para minimizar os artefatos de pixelização verde (“clumpy artifacts”) na TC de dupla energia do pé e tornozelo.
Park EH, Yoo WH, Song YS, Byon JH, Pak J, Choi Y. Not All Green Is Tophi: The Importance of Optimizing Minimum Attenuation and Using a Tin Filter to Minimize Clumpy Artifacts on Foot and Ankle Dual-Energy CT. American Journal of Roentgenology. 2020 Jun;214(6):1335-42.
https://www.ajronline.org/doi/full/10.2214/AJR.19.22222
Contexto: A TC de dupla energia (TCDE) tem mostrado resultados promissores na distinção de cristais de ácido úrico e de cálcio por sua composição química, o que torna possível o diagnóstico precoce de gota. O volume total dos tofos na gota crônica pode ser medido utilizando-se a TCDE, o que permite uma avaliação quantitativa da carga tofácea e a resposta ao tratamento no acompanhamento. A TCDE pode codificar materiais sem ácido úrico como verdes em algumas circunstâncias. Este artefato, constituído por um conjunto de pixels verdes, foi descrito como um “aglomerado de artefatos milimétricos” e “clumpy artifacts”.Uma vez que este artefato geralmente se apresenta como um concentrado de pixels verdes ao longo dos tendões ou ligamentos, ele se assemelha ao tofo em seu formato e localização, o que pode complicar o diagnóstico e levar a um falso positivo.
Perguntas: Qual a frequência e a localização dos “clumpy artifacts”? Qual a taxa de diagnóstico incorreto de “clumpy artifacts” como gota? Aumentar o valor mínimo de densidade e usar um filtro seletivo na TCDE ajuda a reduzir a ocorrência destes artefatos?
Estudo: Estudo retrospectivo.
Participantes: 40 pacientes que realizaram TCDE de pé e tornozelo no Hospital Nacional Universitário Chonbuk.
Critérios de exclusão: TC de energia única, história de gota, TC realizada para descartar gota, pacientes menores de 16 anos, dor que o reumatologista suspeita ter sido causada por gota, próteses de metal pré-existentes da região e qualquer densidade aumentada percebida na TC padrão verificadas como pixelização verde na TCDE.
Método: As imagens no conjunto 1 foram obtidas por TCDE sem o filtro de metal e as imagens do conjunto 2 foram obtidas com TCDE com filtro de metal. Foi atribuída de forma aleatória uma densidade mínima de 130 e 150 UH para ambos os grupos. Três radiologistas independentes analisaram todas as imagens quanto à presença, ao volume e à localização dos artefatos de pixelização verde e classificaram seus achados de acordo com uma escala de confiabilidade de 4 pontos, frequência e volume. A taxa de diagnóstico incorreto e a pontuação de diagnóstico incorreto foram comparadas usando os testes de Wilcoxon e McNemar.
Resultados principais: No conjunto 1, a frequência de “clumpy artifacts” na TCDE com a mínima atenuação definida entre 130 UH e 150 UH foram 81% e 68% respectivamente. No conjunto 2, com a atenuação mínima definida em 130 UH, a frequência de “clumpy artifacts” foi de 44% e com a atenuação mínima definida em 150 UH não foram observados “clumpy artifacts”.
Conclusão: “Clumpy artifacts” ocorreram frequentemente no exame de TCDE quando não se utilizou um filtro de metal. Definir a atenuação mínima no valor mais alto de 150 HU reduziu a frequência destes artefatos. A adição de um filtro de metal também diminuiu de forma significativa a sua ocorrência.
Comentários: Trabalho muito interessante e clinicamente relevante. A redução de tais artefatos vai ajudar na prática clínica. Esperamos que mais fornecedores possam incorporar tais avanços em um futuro próximo.
Prevendo osteomielite em pacientes cujas RM iniciais demonstram edema da medula óssea sem hipossinal correspondente em T1.
Sax AJ, Halpern EJ, Zoga AC, Roedl JB, Belair JA, Morrison WB. Predicting osteomyelitis in patients whose initial MRI demonstrated bone marrow edema without corresponding T1 signal marrow replacement. Skeletal Radiology. 2020 Mar 4:1-9.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32130445/
Contexto: A osteomielite pode ser diagnosticada no contexto adequado (adjacente a uma úlcera) quando houver edema da medula óssea nas sequências sensíveis a fluidos e substituição do sinal da gordura nas imagens ponderadas em T1. No entanto, em uma parte dos casos, o sinal da medula óssea adjacente à úlcera é discordante e permanece normal na sequência pesada em T1, apesar do edema da medula óssea nas sequências sensíveis a fluidos. Postula-se que isto possa representar “osteomielite precoce” ou “hiperemia reativa”.
Pergunta: Quais são as características da RM que sugerem maior risco para osteomielite em pacientes com úlceras diabéticas no pé com imagens ponderadas em T1 normais?
Estudo: Estudo retrospectivo.
Participantes: RM de 60 pacientes com suspeita de osteomielite no contexto de úlcera de pé diabético.
Critérios de exclusão: Presença de metais ou outros artefatos e cirurgia recente inviabilizando a avaliação do sinal da medula óssea.
Método: Foram medidas dimensão e profundidade das úlceras. Foram calculadas as taxas do valor do ROI na medula óssea/líquido articular nas sequências T2/STIR. A progressão para osteomielite nas RM subsequentes foram caracterizadas pela perda do sinal normal da medula em T1. Foi realizada análise estatística com teste t bicaudal e modelo proporcional de riscos Cox.
Resultados principais: Dos 60 exames de RM examinados, 34 progrediram para osteomielite. A média da taxa ROI medula óssea/líquido articular foi de 65% no grupo com osteomielite e 45% no grupo sem osteomielite, p<0.001. As taxas >53% tiveram um aumento de 6.5 no risco de desenvolver osteomielite, p<0.001. A proximidade das úlceras ao osso foi, em média, de 6mm no grupo com osteomielite e 9mm no grupo sem osteomielite, p=0.02. Úlceras maiores do que 3cm² dobram o risco para osteomielite, p=0.04.
Conclusão: Aumento da razão ROI medula óssea/líquido articular em imagens T2/STIR foram os fatores de risco mais fortes no desenvolvimento de osteomielite, enquanto tamanho e profundidade da úlcera são indicadores que apresentam menor valor.
Comentários: Trabalho intrigante. Em nossa prática, nós focamos mais na destruição cortical com a perda de hipointensidade em T1 e T2 na RM no local da úlcera. Esse último é um sinal confiável, incluindo o realce cortical quando gadolínio é administrado. Eu acho que a hipointensidade da medula óssea em T1 é observada tardiamente na RM, o que também é sugerido pelos achados deste estudo.
Aumento anômalo da intensidade de sinal em imagens fora de fase: uma manifestação de mineralização da medula?
van Vucht N, Santiago R, Pressney I, Saifuddin A. Anomalous signal intensity increase on out-of-phase chemical shift imaging: a manifestation of marrow mineralization? Skeletal Radiology. 2020 Mar 20:1-7.
https://europepmc.org/article/med/32198527
Cenário: A técnica de desvio químico por imagem, em fase (EF) e fora de fase (FF), é bem estabelecida para esclarecer a natureza de lesões indeterminadas da medula óssea. Uma queda na intensidade do sinal >20% em aparelhos de 1.5 tesla (T) ou >25% naqueles com 3T na sequência FF é consistente com processos não neoplásicos, como lesões da medula que contém gordura. Ocasionalmente, um aumento da intensidade do sinal pode ser observado em sequências FF.
Pergunta: Quais as causas do aumento da intensidade de sinal em sequências FF?
Estudo: Estudo prospectivo
Participantes: 184 pacientes que foram referidos para avaliação por suspeita de tumor ósseo.
Critérios de exclusão: Nenhum.
Métodos: A mudança da intensidade do sinal na sequência FF foi calculada em 184 casos. Para pacientes cuja intensidade do sinal em FF aumentou comparativamente com a sequência EF, as TCs e radiografias foram revisadas com o objetivo de buscar por esclerose da medula e/ou sinais de mineralização da matriz.
Resultados principais: Dos 184 pacientes, 40 (34.35%) apresentaram aumento anômalo da intensidade do sinal na sequência FF. O estudo das TC’s (disponíveis em 27 casos) demonstrou esclerose medular em 20 casos e mineralização da matriz em 2. Radiografias indicaram mineralização da matriz em 6 casos. Perda de sinal puntiforme consistente com calcificação condral foi observada na RM em 2 casos. Baseado nas características típicas das imagens ou histologia, 17,5% dos casos foram classificados como não neoplásicos, 45% como neoplasia benigna e 37,5% como neoplasia maligna.
Conclusão: Ao avaliar lesões focais medulares com a técnica de desvio químico, o aumento anômalo da intensidade do sinal pode ser observado em aproximadamente um terço dos casos. Em mais de 75% desses casos, a TC ou radiografia demonstra esclerose difusa da medula ou mineralização da matriz.
Comentários: Ótima visão. Voltando à física, a imagem FF vai apresentar aumento no sinal onde há hemorragia ou hemossiderina. É esperado em casos de hemossiderose da medula como anemia falciforme, sinovite vilonodular pigmentada e hemartose, entre outros.
Imagem do tensor de difusão e tractografia para avaliação pré-operatória de tumores benignos da bainha nervosa periférica
Gersing AS, Cervantes B, Knebel C, Schwaiger BJ, Kirschke JS, Weidlich D, Claudi C, Peeters JM, Pfeiffer D, Rummeny EJ, Karampinos DC. Diffusion tensor imaging and tractography for preoperative assessment of benign peripheral nerve sheath tumors. European Journal of Radiology. 2020 Jun 6:109110.
https://europepmc.org/article/med/32559592
Cenário: Se um neurofibroma é detectado, a ressecção completa do tumor só pode ser realizada removendo-se o nervo afetado por completo. Porém, isso causa perda da função neural e, por isso, as complicações causadas pela ressecção devem ser cuidadosamente comparadas aos sintomas clínicos, bem como o potencial de degeneração em tumor maligno de bainha periférica, um sarcoma de células fusiformes. Schwannomas, por outro lado, não apresentam probabilidade de se tornarem malignos e se o schwannoma é excêntrico na via de acesso cirúrgico, os fascículos podem ser facilmente preservados durante o procedimento. Desta forma, o conhecimento detalhado da localização exata dos fascículos é essencial para a realização da ressecção completa sem dano iatrogênico.
Perguntas: Qual o valor diagnóstico da tractografia dos fascículos e da análise por tensor de difusão para avaliação pré-operatória de tumores benignos da bainha nervosa periférica? A imagem do tensor de difusão (DTI) na RM pré-operatória ajuda na diferenciação de neurofibroma e schwannoma?
Estudo: Estudo prospectivo, de outubro de 2016 a janeiro de 2018.
Participantes: No total, 18 schwannomas e 11 neurofibromas foram avaliados em 22 pacientes (idade entre 50.9 ± 18.6 anos, 13 mulheres) com diagnóstico final provado em todos os casos por estudo histopatológico após biópsia ou biópsia seguida por ressecção do tumor.
Critério de exclusão: Foram excluídas lesões claramente não relacionadas com nervo periférico (1 sarcoma e 2 mixomas).
Método: Foram realizadas imagens em RM 3T incluindo a sequência DTI em 22 pacientes (idade entre 50.9 ± 18.6 anos, 13 mulheres) com confirmação histológica dos schwannomas (N=18) e dos neurofibromas (N=11). Os parâmetros do DTI foram computados e os trajetos dos fascículos foram determinados. A avaliação foi realizada por dois radiologistas e um cirurgião ortopédico sem acesso ao diagnóstico final. A difusibilidade média foi computada para permitir avaliação adicional da microestrutura do tumor. A visualização pré-operatória do fascículo foi classificada e os fascículos categorizados de acordo com localização anatômica e quantidade de fascículos ao redor do tumor. A concordância entre os achados de imagem e achados intraoperatórios foram analisadas.
Resultados principais: A visualização do fascículo foi classificada como boa ou muito boa em 78.3% das imagens em DTI. Foram observadas diferenças nas tractografias entre schwannomas e neurofibromas, sendo que os schwannomas são mais frequentemente localizados excentricamente ao nervo (94.8%) do que os neurofibromas (0%, P<0.01). Os fascículos são significativamente mais contínuos (87.5%) nos schwannomas, enquanto nos neurofibromas nenhum dos trajetos foi classificado como contínuo (0%, P=0.014). Foi observada uma concordância substancial entre o trajeto das fibras e a anatomia cirúrgica, no que se refere aos fascículos circunjacentes ao tumor (k=0.78). A difusibilidade nos schwannomas (1.5 ± 0.2 × 10 −3 mm 2/s) foi significativamente mais baixa do que nos neurofibromas (1.8 ± 0.2 × 10 −3 mm 2/s; P < 0.001). O índice de Youden mostrou o ponto de corte ideal em 1.7 × 10 −3 mm 2/s (sensibilidade, 0.91; especificidade, 0.78; J = 0.69).
Conclusão: O DTI pré-operatório permitiu diferenciar com precisão schwannomas de neurofibromas, bem como descrever sua localização em relação aos fascículos nervosos para planejamento pré-operatório.
Comentários: Obrigado por este belo estudo. Embora a amostra seja pequena, destaca bem as diferenças entre os tumores da bainha nervosa. Outro ponto para lembrar é que a schwannomatose segmentar torna a ressecção do tumor difícil ou impossível. Além disso, os fascículos envolvidos com schwannoma ou neurofibroma não são funcionais e sua ressecção geralmente não leva à fraqueza funcional significativa. Espero ansiosamente por maiores estudos sobre o assunto
Artrografia por TC com “Flat-Panel”(TCFP) para detecção de lesões de cartilagem da articulação do tornozelo: primeiros resultados in vivo
Sarah P, David C, Roman G, Vanessa P, Daphné G, Pierre C, Le Corroller T. Flat-panel CT arthrography for cartilage defect detection in the ankle joint: first results in vivo. Skeletal radiology. 2020 Mar 7:1-7.
https://link.springer.com/article/10.1007/s00256-020-03398-9
Cenário: A artrografia direta por RM leva a melhores resultados na detecção de lesões condrais ao ser comparada com a imagem de RM padrão e, por esse motivo, deve ser considerada para pacientes com suspeita específica de lesão da cartilagem articular. A artrografia por TC com multidetectores (TCMD) é considerada o método de escolha na avaliação da cartilagem articular, especialmente na articulação do tornozelo na qual a cartilagem hialina é particularmente fina. Foi mostrado recentemente que a artrografia por TCFP é tão viável quanto a artrografia por TCMD com qualidade de imagem similar in vitro e ex vivo.
Perguntas: Qual a performance diagnóstica da artrografia por TCFP para detecção de lesões na cartilagem da articulação do tornozelo em comparação com a artrografia por RM e artrografia por TCMD?
Estudo: Estudo prospectivo comparativo.
Participantes: Vinte e sete pacientes com suspeita de lesão da cartilagem articular do tornozelo foram registrados entre julho de 2015 e abril de 2017. Esses pacientes tiveram artrografia por TCFP, TCMD e RM realizadas no mesmo dia como parte do exame pré-operatório.
Critério de exclusão: História prévia de artroscopia do tornozelo ou cirurgia aberta e intervalo entre injeção do contraste e realização da imagem maior que 30 minutos.
Método: Vinte e sete pacientes com suspeita específica de lesão da cartilagem articular foram submetidos à artrografia com injeção de uma mistura de gadolínio diluído e iobitridol, tendo sido examinados em seguida com TCFP, TCMD e imagem de RM 1.5T. Os exames da artrografia por TCFP, TCMD e RM foram avaliados de forma cega e aleatória por dois radiologistas musculoesqueléticos em consenso. Em cada tornozelo, oito áreas da cartilagem articular foram analisadas separadamente: superfície talar medial, tróclea talar medial, tróclea talar lateral, superfície talar lateral, maléolo tibial, platô tibial medial, platô tibial lateral e maléolo fibular. Achados em TCFP e MR foram comparados com a avaliação da TCMD em 216 áreas de cartilagem.
Resultados principais: Para a detecção das lesões de cartilagem, a TCFP demonstrou sensibilidade de 97%, especificidade de 95% e precisão de 96%; e a artrografia por RM mostrou sensibilidade de 69%, especificidade de 94% e precisão de 87%. A TCFP e artrografia por RM apresentaram concordância quase perfeita e concordância moderada, respectivamente, com a artrografia por TCMD. A confiança do diagnóstico é maior para TCFP (2.9/3) do que para RM (2.3/3) e artrografia por TCMD (2.7/3).
Conclusão: A TCFP demonstrou maior precisão do que a artrografia por RM 1.5T para detecção de lesões na cartilagem da articulação do tornozelo. Por isso, a TCFP deve ser considerada para estes casos.
Comentários: Obrigado pelo trabalho. A artrografia por RM do tornozelo está se tornando obsoleta em nossa prática e exames 1.5T de alta resolução ou imagens em 3D em scanners 1.5T ou 3T praticamente substituíram todas as imagens para avaliação da cartilagem articular. A radiação pode ser evitada se a resolução da imagem de RM se mantiver ideal com cortes de 3mm em imagens 2D e uma matriz a partir de 256 ou 0.65-0.7 mm voxel em imagens 3D T2W.
Translation by: Rangel de Sousa Costa
References